Desde o início da era Dunga, torcedores e imprensa esperam por atuações convincentes da Seleção Brasileira. Ou mesmo que apresentasse um certo padrão de jogo. Foi dado crédito ao treinador, apesar da desconfiança inicial. Mas, no decorrer dos jogos, o que se viu foi uma Seleção desordenada, com poucos momentos bons, conseguidos através de jogadas individuais. Apesar das dificuldades, a trancos e barrancos, o Brasil ganhou a Copa América com ótima atuação diante da Argentina na final. A euforia terminou quando o time não teve a mesma atitude nas Olimpíadas, perdendo de forma vergonhosa para o rival argentino. E seguiu-se a vida com a seleção fazendo alguns jogos burocráticos.
A situação começou a melhorar para o técnico brasileiro quando algumas boas vitórias em amistosos foram conseguidas, diante de Portugal e Itália, por exemplo. Mas fora essas vitórias, e deixando de lado a competência ou não do treinador, é necessário dizer que, pela primeira vez, o Brasil começa a dar alguns sinais de evolução. E em alguns pontos Dunga tem acertado, arrancando alguns tímidos elogios da crítica, que ainda o vê com desconfiança.
Um dos principais pontos observados no time foi a entrada no volante Felipe Melo, que vem atuando com admirável personalidade, como se vestisse a camisa verde e amarela a muito tempo. Ele tem sido peça fundamental, tanto para dar tranqüilidade à defesa, como para a transição entre defesa e ataque. Fora essa grata surpresa, outros pontos importantes podem ser observados, como o novo papel que o meia Kaká tem desempenhado no time. Muito mais que um ótimo meio campo, ele tem se mostrado um líder dentro do grupo, conduzindo as ações e dando mais animo aos jogadores, que têm correspondido com muito mais aplicação e vontade dentro de campo.
Individualmente podemos observar que quase todos os jogadores sabem bem o seu papel em campo, e isso tem refletido num melhor toque de bola, numa segurança maior, tanto na defesa, como na criação de jogadas. E apesar de ter tido um jogo regular contra o Egito – talvez até em função do cansaço de alguns jogadores - o time se redimiu contra os Estados Unidos, vencendo-o de 3 x 0. A partida mostrou outras boas impressões, como a ótima atuação do lateral Maicon, respondendo à altura o bom momento vivido por Daniel Alves. Foi louvável, também, a boa partida de Ramires, que deu um dinamismo maior ao meio, já que se movimenta bastante, se apresenta como elemento surpresa no ataque, além de voltar rápido pra marcar. Mostrou que pode, sim, ganhar a vaga de Elano.
Por fim, foi elogiável a forma como o volante Gilberto Silva jogou. Muito mais ousado, chegando como elemento surpresa, hora aparecendo na linha de fundo, hora fazendo jogadas agudas no meio, com uma objetividade que pouco se via em partidas anteriores. Parece estar mais confiante e tendo a consciência de que pode render o seu melhor futebol, se repetir o mesmo desempenho que teve contra os norte-americanos.
Essas importantes melhorias individuais refletiram no conjunto do time, que tocou bem a bola, sem se precipitar, além de ter feito ótimas triangulações, mostrando que possuem um conjunto muito mais forte que em anos anteriores. Essa formula com 3 volantes, adotada em grande parte das equipes pelo mundo, parece, enfim, tomar contornos positivos na Seleção. E um fator fundamental para o sucesso dessa forma de jogar tem sido a versatilidade dos nossos volantes, que estão mais agressivos na marcação, se revezando nas subidas ao ataque, além de aliar boa técnica com uma marcação eficiente.
Claro que é cedo pra afirmar se essa formula dará certo. Ainda é preciso muito chão pra dizer até que ponto essa evolução tem influência do treinador Dunga. Mas o certo é que algumas atitudes dele têm contribuído para a melhoria do time e algumas de suas ações começam a demonstrar que houve alguma evolução e que ele pode vir a ser respeitado e admirado como um treinador vitorioso.
Por Danniel Olímpio
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